quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Vai levar um peixe ou um livro?



Pescador separou parte de sua barraca na feira livre de Pirapora para expor livros, que são emprestados à população

Eduardo Kattah, ENVIADO ESPECIAL, PIRAPORA (MG)

Nos últimos meses, o pescador Leonardo da Piedade Diniz Filho, de 40 anos, viu sua clientela crescer e se diversificar na feira livre de Pirapora, cidade às margens do Rio São Francisco, no norte de Minas Gerais. Os freqüentadores estão sendo atraídos à barraca de Léo do Peixe, como é conhecido, não só pelos dourados, surubins e curimatãs como também pela inusitada oferta de livros. O pescador virou a principal atração da feira dominical ao criar o Clube da Leitura, em fevereiro do ano passado.


Continua no Estado.
.....

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

The king of the hill

Esse é o reizinho do pedaço.
.......

sleepless in Curitiba



Essa foi uma noite disgracenta e se tem uma coisa que me tira do sério é uma noite mal dormida. Vou precisar de muita cafeina...

Sleeping woman - Pablo Picasso.
....

domingo, 28 de janeiro de 2007

O Perfume- História de um Assassino

Este foi o filme deste fim de semana. Na verdade, quando saí de casa, a prioridade não era o cinema, era comer, daí dei uma olhada nos cartazes, podia escolher entre dois lonnnngas, Babel e este Perfume (147 minutos, não precisava). Para o Babel eu ia ter que esperar mais de uma hora. Comi correndo e fui ver o Perfume. Isso quer dizer que eu não fiquei algumas semanas planejando e me dizendo 'eu tenho que ver este filme'. Não.

Como a maioria das gentes, li o livro nos anos oitenta. Achei interessante, mas não me apaixonei pela história como muitos que o veneram até hoje.Tampouco me apaixonei pelo filme. É bonito, às vezes nojento. Muita gente dizia que era impossível transformar o livro em filme porque ele trata de uma coisa impossível para cinema: o cheiro. O cineasta que não é bobo respondeu que por isso não, o livro também não tinha cheiro. Voilà. Mas o que eu ia dizer é que, às vezes, temos a impressão de sentir o cheiro, tanto na hora das 'nojeiras', o mercado de peixe, dentre outros, quanto quando os campos de lavanda são mostrados ou quando as pétalas de rosas vermelhas são despejadas. Há cenas lindas. O ator principal, que eu não conhecia até aqui, é muito bom e a moça que faz o papel de Laura é branquinha e tem lindos cabelos ruivos. Há ainda outra ruiva no começo do filme. Deve significar alguma coisa.

Sobretudo o final do filme é meio estranho, não a orgia, mas o exagero. Mas não vou dizer muito para não estragar a surpresa de quem ainda for ver o filme.


Vasculhando aqui na rede descobri que o cineasta é o mesmo de Corra Lola corra. Fiquei boquiaberta, não podiam ser mais diferentes.


Algumas palavras do diretor sobre o filme:

"Esta não é uma história sobre um estranho mundo de fantasia com um homem louco que por acaso tem um olfacto apurado", afirmou Tykwer. "É, sobretudo, a história de um homem terrivelmente só, tema clássico na literatura e na dramaturgia"(...) "Este é um tema com que todos nos podemos identificar secretamente – o stress de termos sempre que nos 'promover', para impressionar os outros".
....

sábado, 27 de janeiro de 2007

Malásia

Kuala Lumpur (1)
Mesquita - Kuala Lumpur (2)

Malásia - em algum canto perdido (3)

A primeira foto eu fiz da janela do meu apartamento em Kuala Lumpur. Era um lugar muito bonito com todo esse verde que se pode ver aí. Na segunda foto uma mesquita que, infelizmente, não ficava muito longe de casa o que significa que às cinco horas da manhã (madrugada, eu diria) éramos acordados com o som de ALLAH, AKBAR! o chamado para a primeira oração do dia. E eu com isso, né? Nada, mas tinha que escutar do mesmo jeito, quem estava na terra deles era eu. É verdade, terra deles (há isso, terra de alguém? Bom mesmo é se tudo fosse de todos), já a religião muçulmana não é lá muito 'deles' segundo Naipaul num dos seus excelentes livros Beyond Belief: Islamic Excursions Among the Converted People, o islã é imperialista, não é a religião 'natural' desta parte Ásia. Entretanto, o maior país muçulmano hoje é a Indonésia e um dos mais fanáticos também.

Na última foto eu escrevi 'em um canto perdido da Malásia' porque estávamos realmente perdidos. Saímos um fim de semana para passear de carro e nos perdemos, não encontrávamos ninguém que falasse inglês...mas foi bom, perder-se também é uma forma de conhecer. E sabíamos que não estávamos tão longe de Kuala Lumpur.
....

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Um conto meu


Mundinho

A árvore cumpria a sua história, o seu dever era proporcionar aquela sombra, balançar vez ou outra provocando uma brisa – ou balançar sob o efeito da brisa? – enfeitar a vista de Raimundo quando, de manhã, ele abria a janela. Tarefas aparentemente simples que a árvore desempenhava à perfeição desde o nascimento de Raimundo, mais conhecido como Mundinho. E ele nunca tinha parado para pensar nisso. Nem na árvore nem nele mesmo. Se esse era o papel da árvore, qual seria o dele? Ali tinha nascido e dali nunca tinha saído. Sair para quê e para onde? Mas ele, afinal de contas, não era uma árvore. Não tinha, por dever, descobrir coisas? Ir, um dia, até São Paulo, por exemplo que nem era tão longe. Mas para quê? Seu pai tinha lhe deixado aquelas terras e tinha dito que ele era a continuação daquilo. Então, ali se fincou, em outro lugar não podia ser. Raimundo nunca quis mulher ou filhos. Ou quis e já se esquecera? Tinha gostado da Ruth, muito, mas não deu certo, além disso, mulher era trabalho que não acabava mais, bastava olhar para o seu irmão com aquela chata sempre no encalço. Não, ele não necessitava dessas complicações. Ruth tinha preferido um vadio, um sem eira nem beira que apareceu do nada, sem raiz, sem nome de família. ‘Sem eira nem beira, mas com coragem, e é isso que eu quero, um homem com coragem, não um borra-botas como você que nem para pedir a minha mão serviu depois destes anos todos.’ Borra-botas! E lá se foi com o corajoso, contrariando todo mundo, pai, mãe, irmãos. Fez ele muito bem em ficar por ali, vivia na sua vidinha parada de árvore, fumava seus cigarrinhos e, é verdade, vez ou outra acordava assim, com a cabeça cheia de perguntas, depois passava, como tudo na vida. Um bom café, uma visita ao vizinho que podia até render um carteado e pronto, desanuviava. Sua vida era aquela mesmo, cada um nasce para uma coisa determinada. São Paulo pra quê? Poluição, enchente, medo. Já tinha ido lá quando tinha uns….quantos mesmo? Uns dezoito ou dezenove anos. Bastava. Não tinha nenhuma necessidade disso e nem dinheiro sobrando.

‘Mundinho!’ ‘Que é, Isaura?’ Desde o infarto que a irmã não o deixava em paz, toda manhã estava ali, Mundinho mede a pressão, Mundinho não esquece do remédio. ‘Isaura, que é que foi feito da Ruth?’ ‘A Ruth, mas eu já te falei mais de uma vez, casou-se com o Otávio.’ ‘Que ela se casou com o tal Otávio eu já sei, né, Isaura, eu quero saber do depois.’ ‘O depois também eu já te falei, Mundinho, foram para São Paulo, Otávio virou um advogado famoso, vivem nos Jardins, num apartamento enorme, têm três filhos e um netinho. Pronto.’ ‘Ah, é? Você não tinha me falado, já é avó, é?’ ‘É, Mundinho, já te falei sim.’ ‘E você viu ela avó?’ ‘Vi, isso também eu te falei.’ ‘Isaura, o que é um borra-botas?’ ‘Um borra-botas, no meu entender….’ ‘É claro que é no seu entender, Isaura, se eu tô perguntando pra você, vai ser no entender de quem? No meu eu já sei, né!’ Mas era mal-humorado esse Mundinho, tinha feito muito bem a Ruth de se casar com o Otávio. Ficou chateada com ela na época por largar o irmão assim de uma hora pra outra, mas o tempo provou que tinha razão e voltaram a ser amigas. Mundinho, com a idade, só fazia piorar, ranzinza que só ele. Coitado, era seu irmão, fazer o quê, tinha que ajudar. ‘Mundinho, olha, deixa a Ruth lá no lugar dela, toma os seus remédios e mede a sua pressão.’ ‘Mania de medir pressão, Isaura, todo dia a mesma novela.’ ‘Raimundo, faça do jeito que quiser, então, eu tenho que ir, o aparelho está ali e já te ensinei como é que se faz, eu vou pra escola.’ Quando a Isaura dizia Raimundo é que já estava perdendo a paciência. Lá se foi no fusquinha dela. Quando é que ia se aposentar, essa coitada? Já estava em tempo. Dizia que gostava de dar aulas, quem podia gostar de dar aulas, passar cinco horas ou mais agüentando aqueles moleques barulhentos e mal educados? Só a Isaura mesmo, uma santa, era até irritante. Irritante também era essa mania de falar feito professora mesmo em casa, ‘no meu entender!’ No final das contas ela só tentava ajudar, ele é que era muito impaciente, perdia fácil as estribeiras.

Raimundo se levanta, toma o remédio e, encostado na janela olha de novo para a árvore. Quer dizer que ele ia morrer e ela ia ficar? Muito bem, pensou, me viu nascer e vai me ver morrer. E foi ali, debaixo dela que ele e a Ruth começaram a namorar, ali que trocaram algumas carícias rápidas, havia sempre alguém por perto. Macias as mãos de Ruth, cheiroso o seu cabelo, quando a brisa dava nele Mundinho respirava mais fundo. Nunca, nunca perdia a calma com Ruth e nunca perderia se ela tivesse esperado, se tivesse aceitado ficar ali. Aquele não era o mundo da Ruth e nem para a Ruth, tinha nascido no lugar errado e foi procurar o lugar certo. Assim são as coisas.

Mundinho sai da janela, vai até a cozinha, serve-se do café que a irmã deixou na garrafa térmica. Da porta contempla de novo a árvore, caminha devagar até ela. O caminho, outrora tão curto, agora parecia terrivelmente longo. Mas Mundinho não tinha pressa, sentia uma calma que nunca experimentara antes em sua vida. Alcança a árvore, toca o tronco áspero com sua mão tremente, a outra mão aperta o peito do lado esquerdo, por onde um mistério o invade. Deita-se ali, apoia a cabeça no tronco e fecha os olhos para descansar.

Sob o cedro, Raimundo repousa em paz.
......
.....

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Salve a sua vida


Se você anda preocupado com as mudanças climáticas dos últimos anos, se se sente impotente diante das perspectivas ambientais e também tem a impressão de que a cavalaria não virá para nos ajudar; se gostaria de poder fazer algo mas não sabe por onde começar, não tem a certeza de que as suas ações causariam efeito mas está disposto a fazer algo realmente importante, adote o seu planeta. É simples assim:
.

Salve a sua vida.
Esta é uma campanha voluntária, popular e internacional. Não tem patrocinador nem proprietário; ela é tão sua quanto minha e começa agora. Não espere convite ou intimação. É você quem decide.Descubra o que você pode fazer para ajudar a salvar o planeta. Feche a torneira enquanto escova os dentes ou faz a barba; deixe o carro na garagem e use mais o transporte coletivo; desligue o ar-condicionado uma hora antes; não compre produtos da empresa que polui; troque o atum em lata por peixe fresco; exija que a prefeitura da sua cidade adote um programa eficaz de reciclagem de lixo e controle se ele realmente funciona; desenvolva atividades ao ar livre com seus alunos; descubra como substituir as embalagens da sua empresa por material reciclado e biodegradável; divulgue a campanha no jornal, rádio ou tv onde você trabalha e informe os resultados periodicamente; use somente metade das lâmpadas do escritório e da sua casa; desenvolva um equipamento anti-poluente. Enfim, tem sempre alguma coisa que pode ser feita.Convide a sua associação, a sua comunidade ou seus amigos a descobrirem como podemos salvar a Terra com pequenas ou grandes ações, cada um fazendo o que for possível. Participe, divulgue e incentive, mas não espere por ninguém.Faça a sua parte.

PS – Este texto pode ser copiado, traduzido, impresso e divulgado em qualquer meio sem prévia autorização, exceto para fins comerciais.

Parabéns São Paulo!


Adoro São Paulo embora nunca tenha vivido na cidade. Acho que viver ali seria complicado para mim, mas sem dúvida me sinto bem e em casa. Parabéns!
A foto não é minha, emprestei daqui.
..........................................................................

Resenha minha - La raison d'être de la littérature de Gao Xingjian no RoseLivros.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Um domingo no museu

Aproveitei a visita da minha irmã e fui ao museu Oscar Niemeyer (Museu do Olho) que eu só conhecia por fora. Bom, muito bom, estava precisando de um passeio destes. Uma pena que enrolei muito e perdi a exposição Tesouros do Japão.
....
A Denise do Síndrome de Estocolmo fez um (mais de um, na verdade) excelente post sobre ABORTO. Vale a pena ler não só a parte da opinião como também uma pesquisa que ela fez sobre O Aborto na história.
....
Briteiros: O Togo juntou-se ao círculo restrito dos países africanos que beneficiam de uma lei liberal sobre o aborto. Em 22 de Dezembro p.p., o Parlamento revogou uma lei de 1920 que só o autorizava nos casos em que a vida da mulher estava em jogo.
....
La raison d'être de la littérature de Gao Xingjian no RoseLivros.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Mais Estranho que a Ficção


O Filme deste fim de semana foi Mais Estranho que a Ficção. Não é um filme perfeito, mas as coisas imperfeitas também nos tocam e este me tocou muito. Você pode ler um pouco sobre o filme no blog da Laura, Para que servem as ficções, um artigo de Contardo Calligaris ou a sinopse em Cinema com Rapadura.
Os atores são todos muito bons, a atriz Maggie Gyllenhaal que faz a padeira, Ana Pascal, é a mesma do interessantíssimo A Secretária. Emma Thompson é a escritora em crise que precisa encontrar um meio de matar o seu personagem. Will Ferrel é o personagem que escuta a narração de sua vida e tenta desesperadamente mudar o final, ou seja, convencer a escritora a deixá-lo viver, promete que vai se transformar e isso e aquilo, porém, ao ler o livro (o manuscrito) concorda que melhor fim não poderia haver. Aceita o seu destino em nome da literatura...mas ainda não é o final.
O roteiro é de Zach Helm, não me lembro de ter ouvido falar dele antes, acho que é bem jovem. E tem idéias.
Mais aqui.
......
La raison d'être de la littérature de Gao Xingjian no RoseLivros.
....

sábado, 20 de janeiro de 2007

Blog for Choice


Portugal está em polvora com essa questão do aborto porque logo haverá um referendo. Tenho acompanhado um pouco o debate através do Blog Briteiros e no Diário Ateísta.

Hoje mesmo Briteiros trata do assunto:

O nosso lugar no mundo


Aproximadamente 25% da população mundial vive em países com leis sobre o aborto altamente restritivas, principalmente na América Latina, África e Ásia. Em alguns países, como o Chile, as mulheres ainda vão para a prisão por praticarem um aborto ilegal. A despenalização do aborto evita o sofrimento desnecessário e/ou a morte de muitas mulheres. A legislação restritiva do aborto viola os direitos humanos das mulheres estabelecidos com base na Conferência Internacional sobre a População e o Desenvolvimento da ONU no Cairo, na Quarta Conferência Mundial das Mulheres em Pequim e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Continua....

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Hilda Hilst

Extraido de: Tu não te moves de ti
Hilda Hilst
Editora Globo

“Por que é que estou vivo? Por que é que estamos todos vivos, hein Gastão, hein Rute? Aquele prêmio Nobel japonês suicidou-se
Quem? Por que?
Porque não havia mais cerejeiras nem
São uns loucos esses caras que escrevem
Cerejeiras é?
Era só plantar uma, mas que lagosta incrível, Rute,
Olhem só a lagosta vem vindo esse pessoal escritor
é muito esquisito
ninguém lê mais hoje em dia, não há tempo
há vinte anos que não pego num livro
mas está linda a cara da lagosta
e ler o quê também? São todos uns frustrados, têm todos
um rei na barriga
só porque garatujam umas besteiras pensam que são mais, queria só ver esse pessoal todo o dia no batente, falando com banqueiros, lendo os relatórios enlouqueciam
era só ter um pouco de tempo e eu seria escritor
mas não se suicidaria, não é benzinho?
Claro que não, não ia deixar a minha mulherzinha”

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Sartre


Liberdade é querer o que a gente pode.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Bruxelas


Place Meiser, um dos lugares onde morei por alguns anos em Bruxelas. Fiz esta foto da janela em 2005. Já não estava mais morando lá, minha irmã ocupava o mesmo apartamento, agora já se mudou. Este lugar não é bonito, as ruas do lado são tranquilas, mas esta praça é infernal porque os carros chegam de várias avenidas, inclusive do aeroporto. Eu devo ter feito a foto num fim de semana ou muito cedo porque quase não há carros. Aquela torre que se vê no fundo é da RTBF, a televisão belga. Não muito longe, numa das ruas tranquilas, tem a casa onde viveu o pintor René Magritte, aquele surrealista do Ceci n'est pas une pipe. Et voilà, uma quarta de recordações, vai ver que é porque hoje minha irmã que vive na Bélgica está chegando por aqui.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Mulher e propaganda de cerveja...again.

Outro dia eu postei um artigo da Folha de São Paulo sobre o assunto, depois daquele artigo procurei um pouco mais sobre isso na internet e vi que há muita gente que odeia tanto quanto eu essas propagandas bestas que associam mulher e produto. Ainda bem que muita gente repudia este tipo de marketing, homens inclusive. Depois tentei me lembrar das propagandas de cerveja nos outros países onde vivi, não me lembrava de nenhuma dos Estados Unidos. Normal, aparentemente a propaganda de cerveja lá é proibida. Lembrei-me de várias da Bélgica (o país das cervejas), uma em especial era muito engraçada, mas difícil de explicar. Eram dois caras conversando sobre o processo da Kriek, uma cerveja de cereja. Nunca vi, por lá, propaganda de cerveja usando mulher boazuda. Eu detesto o gosto da cerveja, mas conheço muita mulher que gosta, por que razão as propagandas de cerveja no Brasil não levam este público em conta? Mesmo mulher que gosta de mulher odeia aquele estereótipo usado nas cervejas. E como disse acima, muitos homens também, felizmente. Mas há sempre uns bestalhões que compram a idéia. Não é só a cerveja, algumas propagandas de carro vivem associando mulher e coisa. Compre o carro e leve o brinde. Decerto.
Achei mais este artigo de Marilene Felinto na Caros Amigos, transcrevo uma parte:
"A campanha publicitária maciça e persistente intensifica-se no verão. Veiculada principalmente pelos canais de televisão, uma guerra surda vai opondo as diversas marcas de cerveja que associam ad nauseam a imagem do consumo dessa bebida à aquisição de uma mulher “boa”, “gostosa”, “redonda”, “bonita” etc. As propagandas são de uma manipulação tão descarada que andam agora usando como símbolos de homens bem-sucedidos no consumo de cerveja (e na conseqüente aquisição de uma mulher “boa”) sujeitos barrigudos e mesmo com histórico de alcoolismo comprovado!"
(...)
"Faz alguns meses que um episódio relacionado à ascendência devastadora da propaganda sobre as mentalidades jovens me impressionou. Por ocasião da campanha da Schincariol, cujo slogan era “Experimenta”, tive oportunidade de testemunhar um grupo de meninas indo a um baile à fantasia fantasiadas de garrafa de cerveja. A parte de trás do short que usavam estampava, em letras grandes: “Experimenta”! Diante disso, para que serve a frase inócua – “aprecie com moderação” – que “regulamenta” os tais anúncios de cerveja? Que regulamentação é essa? Por que não proíbem de vez os anúncios como proibiram os de cigarro? Existe um mal pior entre o fumo e o álcool?"

Marilene Felinto é escritora e jornalista.
Retirado de Caros Amigos

domingo, 14 de janeiro de 2007


Lá se foi mais um ano...e já foi tarde. Bom, não vou ser tão ranzinza e renegar um ano inteiro, mas que foi duro foi, como deve ter sido o da maioria. Sentei aqui para pensar no 2006, fazer uma pequena reflexão, é bom fazer isso de vez em quando.Se essa reflexão não for digitada não ficará completa, eu vou me perder. A última sacudidela do ano eu me lembro bem, vou começar por ela. Foi a minha irmã telefonando de Bruxelas muitas vezes por semana para me falar da briga com o namorado - claro que eu não tenho nada com isso, o problema é o que veio depois, bem no meio da briga....ela me liga e diz, ‘acho que estou grávida’. Mas o problema ‘real’ por assim dizer não é minha irmã ‘se descobrir’ grávida no meio da confusão sentimental. O problema é (era, já é passado) a gravidez da minha irmã. A gravidez, un point c’est tout! Why? (Eu sempre escrevo why, perché ou pourquoi nesses casos aqui pela seguinte razão, é que eu me esqueço das regras do porque, por quê, etc ao invés de verificar eu tasco o correspondente em outra língua ....) Bem, a gravidez da minha irmã, no fundo, é também problema dela, mas ela nos pegou de surpresa. Minha irmã grávida, em princípio, causa muita estranheza. Nunca pensei que ela fosse ter filhos, nem eu nem ninguém da minha família. Até minha mãe, quando recebeu um telefonema dizendo “Você vai ser avó de novo”, pensou em todas as possibilidades exceto na dita irmã. Foi inesperado, minha irmã nunca demonstrou interesse por crianças, tinha horror de mulher grávida (desculpem, mas é verdade, ela achava muito estranho e dizia isso)...agora, quando o calendário dela ia apontando quarenta, ela pimba, sucumbiu ao instinto materno. Só pode ser isso. Bom, daí ela e o namorado fizeram as pazes, etc e tal e nós, a família, já estamos nos acostumando com ela ‘grávida’ e com mais um rebento. Assim falando parece que não estamos gostando, mas é difícil explicar esse choque. Eu gosto de crianças e já estou começando a curtir, eu só fico meio horrorizada é com a coragem das pessoas de colocarem mais uns serezinhos neste mundo. Mas o tal instinto decerto explica essa parte.
Antes disso muitas coisas aconteceram neste 2006, inclusive mais uma mudança, muita enxaqueca, desentendimento com um amigo, o que foi muito chato mas também faz parte da vida, acidentes com gente da família (disso eu não quero nem lembrar). Há sempre as pequenas alegrias, as risadas em família, com amigos...Não é só desgraça. E há os livros, ajuda muito. Sério.

O balanço das leituras, então. Poderia ter sido mais seletiva, mais organizada, mas está bom, li alguns bons autores, Mishima, Tanizaki, Bishop, reli Sartre, li mais um livro de Rubem Fonseca para constatar que não é mesmo o meu gênero. Não que ele não seja bom, eu é que não gosto dele, pelo menos do que li até aqui. Adorei uma HQ, O Menino do Kampung, de um desenhista malaio. Muito poética. Outra HQ importante foi Maus, de Art Spiegelman e Derrotista, de Joe Sacco. Li Dalton Trevisan, todo ano eu leio pelo menos uns três livros dele, todos bem pequenos, com aqueles contos minúsculos... sempre bom. Li Virginia Woolf. E li muitos trabalhos de amigos, excelentes trabalhos. Vi alguns bons filmes, um dos melhores foi Old Boy em dvd, um dos piores foi Brasília 18º, no cinema mesmo, fosse em DVD eu acho que teria desligado antes. No cinema eu não podia sair, estava acompanhada e não sabia se os outros estavam gostando. De qualquer modo é raro que eu abandone um filme pela metade no cinema.

Vixi, tanta coisa cabe num ano. Tantas alegrias e tristezas, encontros, desencontros, erros, acertos...vamos parando por aqui.

sábado, 13 de janeiro de 2007

Tita

Tita é uma artista brasileira que vive na Alemanha, uma vez a encontrei num vernissage em Bruxelas e uma ou outra vez na casa de um amigo brasileiro. Esse mesmo amigo me enviou um presente, um caderno lindo, junto com este cartão ilustrado com um trabalho da Tita do Rêgo Silva.
...
Djanira no RoseLivros por Vera do Val - Rose Rose Rosebud

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

A cerveja e o Assassinato do Feminino

Berenice Bento Folha de São Paulo

HÁ MUITAS formas de se assassinar uma mulher: revólveres, facas, espancamentos, cárcere privado, torturas contínuas. Mesmo com um ativismo feminista que tem pautado a violência contra as mulheres como uma das piores mazelas nacionais, a estrutura hierarquizada das relações entre os gêneros resiste, revelando-nos que há múltiplas fontes que alimentam o ódio ao feminino.

Como não ficar estarrecida com a reiterada violência contra as mulheres nos comerciais de cerveja? Com raras exceções, a estrutura dos comerciais não muda: a mulher quase desnuda, a cerveja gelada e o homem ávido de sede. As campanhas são direcionadas para o homem, aquele que pode comprar.

Alguns exemplos: uma mulher faz uma pequena dissertação sobre a cerveja para uma audiência masculina, incrédula de sua inteligência. Logo o mal-entendido se desfaz: claro, uma mulher não poderia saber tantas coisas se tivesse como mentor um homem; a mulher é engarrafada, transformada em cerveja; um mestre obsceno infantiliza e comete assédio moral contra uma discípula; ela é a BOA. Quem? O quê? A mulher ou a cerveja?

Todos os comerciais são de cervejas diferentes e estão sendo exibidas simultaneamente. Nesses comerciais não há metáforas. A mulher não é "como se fosse a cerveja": é a cerveja. Está ali para ser consumida silenciosamente, passivamente, sem esboçar reação, pelo homem. Tão dispensável que pode, inclusive, ser substituída por uma boneca sirigaita de plástico, para o júbilo de jovens rapazes que estão ansiosos pela aventura do verão.

Se já criminalizamos alguns discursos porque são violentos, não é possível continuarmos passivamente consumindo discursos misóginos a cada dia, como se o mundo da televisão não estivesse ligado ao mundo real, como se as violências ali transmitidas tivessem fim no click do controle remoto.

Embora a matéria-prima para elaboração desses comerciais esteja nas próprias relações sociais, nas performances ali apresentadas há uma potencialização da violência. Não há uma disjunção radical entre violência simbólica e física. Há processos de retroalimentação.

A força da lei já determinou que os insultos racistas conferem ao emissor a qualidade de racista. Também caminhamos para a criminalização da homofobia em suas múltiplas manifestações, inclusive dos insultos. Por que, então, devemos continuar repetidas vezes ao longo do dia a escutar "piadas" misóginas, alimentando a crença na superioridade masculina sem uma punição aos agressores?

Sabemos da força da palavra para produzir o que nomeia, sabemos que uma piada homofóbica, racista, está amarrada a um conjunto de permissões sociais e culturais que autoriza o piadista a transformar o outro em motivo de seu riso. Agora, é incalculável o estrago que imagens reiteradas de mulheres quase desnudas, que não falam uma frase inteligente, que estão ali para servir a sede masculina, invisibilizadas em duas tragadas, provocam na luta pelo fim da violência contra as mulheres.

Da mesma forma que o "piadista" racista e/ou homofóbico acha que tudo não passa de "brincadeira", o marqueteiro misógino supõe que sua "obra-prima" apenas retrata uma verdade aceita por todos, inclusive por mulheres: elas existem para servir aos homens. E como é uma verdade aceita por todos, por que não brincar com ela? Ou seja, nessa lógica, ele não estaria fazendo nada mais do que reafirmar algo posto. Será? Não é possível que defendam aquela sucessão de imagens violentas como "brincadeiras".

Essa ingenuidade não cabe a alguém que sabe a força da imagem para criar desejos.

O que pensam os formuladores dos comerciais? Que tipo de mulheres habita seus imaginários? Por que há essa obsessão pelos corpos femininos? Será que eles ainda pensam que as mulheres não consomem cerveja?
Não se trata de negar a mulher-consumível, coisificada, pela mulher consumidora, mas de apontar os limites de uma estrutura de comercial que peca inclusive em termos mercadológicos.

Tal qual o assassino que matou sua esposa acreditando que sua masculinidade está ligada necessariamente à subordinação feminina, a cada gole de mulher, o homem sente-se, como em um ritual, mais homem. Conforme ele a engole, ela desaparece de cena para surgir a imagem de um homem satisfeito, feliz; afinal, matou sua sede. É um massacre simbólico ao feminino. É uma violência que alimenta e se alimenta da violência presente no cotidiano contra as mulheres.

BERENICE BENTO é doutora em sociologia, pesquisadora associada do Departamento de Sociologia da UnB e autora do livro "A Reinvenção do Corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual".
....
Mais em
Rabisco: O FIM DA CRIATIVIDADE Publicitários sentem saudades de quando o uso de mulheres seminuas era liberado (e vital) nos anúncios de cerveja. Por Michel Neil.
Mídia Independente: Entidades denunciam propagandas de cervejas. Integrando um conjunto de ações contra a opressão das mulheres, entidades irão denunciar propagandas de teor sexista, em especial as propagandas de cerveja que, neste ano, voltaram a abusar da mercantilização do corpo feminino em suas campanhas comerciais, da discriminação contra mulheres idosas e de mensagens subliminares que incitam o interesse sexual em relação a adolescentes e meninas.
.....

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Lendo Chekhov para começar bem o ano...


Terminei 2006 lendo Chekhov e comecei 2007 lendo Chekhov....acho que vai ser o ano dos russos. Para mim, claro. Comprei este livrinho por menos de um dólar num sebo em Seattle, há quase dois anos. Chekhov não merecia ter passado dois anos ali na estante, mas...c'est la vie. Lembro-me do momento exato em que o comprei, eu pensava que não devia comprar mais um livro porque já tinha comprado tantos e livro pesa, não é? Mas era tão pequeno e tão barato que não resisti. Não ia pesar nem no bolso e nem na mala. Ainda bem que tomei esta sábia decisão.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

JOSÉ MINDLIN










A transformação pelo livro

Antes do livro, eu não era nada. Comecei a ler muito criança, de modo que não houve propriamente uma transformação. Mas foi um dos elementos mais importantes de minha formação. Quem não lê não sabe o que está perdendo. Porque, realmente, a leitura abre os horizontes da pessoa. Fiquei tendo uma visão de mundo bastante ampla. Tive sempre um prazer enorme na leitura. A leitura é uma fonte de prazer e deveria sempre ser apresentada como tal. Desperta a imaginação. Distrai. É uma coisa que, para mim, parece tão óbvia que fica até difícil de explicar. Faz parte da minha vida.
Analfabetismo
A leitura, primeiramente, teve como adversário o analfabetismo. Hoje, nós ainda temos analfabetismo no Brasil, numa proporção que eu chamaria de escandalosa. Deve estar perto de 20%. Vinte por cento da população é analfabeta. Mas se é verdade que 80% sabem escrever, penso numa frase de Monteiro Lobato. Ele dizia: "O Brasil tem 80% de analfabetos, e 19% que não sabem ler". Há uma grande diferença entre alfabetização e saber ler, entender o que se está lendo. E aí volta o problema da educação. A geração que hoje está na infância precisa ter noções de cidadania para daqui a 20 anos formar um eleitorado brasileiro consciente, capaz de escolher bem. Nós temos um eleitorado escandalosamente grande e mal preparado. Cento e vinte e cinco milhões de eleitores para um país de cento e oitenta e poucos milhões de habitantes, com analfabetismo, com a influência da mídia formando opiniões. Não sei se 20 milhões desses eleitores chegam a ser conscientes mesmo. Os outros são manipuláveis. Por isso é que nós estamos nesta situação. Mas aí eu gostaria de viver ainda uns 15 ou 20 anos para ver o que o Brasil vai se tornar. Se não prosseguir esse esforço pela educação, aí será um desastre.
Retirado do jornal Rascunho.

domingo, 7 de janeiro de 2007

Borges – O Mesmo e o Outro

Álvaro Alves de Faria, jornalista e poeta paulistano, entrevistou Borges em setembro de 1976. Foram duas tarde de sol em Buenos Aires. Borges já tinha quase oitenta anos, não tinha mais dona Leonor por perto, mas o jornalista podia sentir a presença dela no ambiente sombrio da sala de Borges. A mãe, de quem o escritor dependeu durante toda a vida, que dizia que estava cansada de viver tanto, morreu com 99 anos.
Resenha minha no Rose.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

[Uma crônica antiga, já devo ter publicado aqui antes....aproveitando o paradão do começo de ano e a falta de tempo para escrever, publico de novo]
Canindé e os obscuros caminhos da fé

A Canindé alguns vão a pé, percorrem o caminho da redenção de sandálias havaianas, chinelas de couro ou nada, ou seja, plantam no solo árido e seco do sertão a sola do pé curtido pela miséria e trabalho ingrato.

Nós percorremos o caminho de Canindé de carro mesmo, durante o trajeto, Padre Rafael nos explicava que seu Ceará é surreal, ali há pontes sem rio e rio sem pontes. Assim mesmo! Um dia, disse, viajava com um padre europeu e passaram uma ponte, duas pontes, três pontes e nada de água rolando por baixo delas. O europeu conferiu todas pois que tudo olhava atentamente. Chegando no quarto rio ele viu, finalmente, a água mas…não viu a ponte porque ponte não havia ali e tiveram que voltar, suspender o passeio. O europeu coçou a cabeça e riu das pontes sem rio e do rio sem ponte. Como pode? Os outros riram mais ainda e disseram que é assim mesmo, ora!

No caminho, duas mulheres andavam, em sentido contrário ao nosso, uma delas transportava na cabeça, com habilidade e certa elegância, uma grande trouxa, sem a ajuda das mãos; nas paradas dos ônibus, o povo esperava acocorado como os chineses.

O povo de Canindé acredita que São Francisco vive ainda hoje…e ali mesmo, naquele vilarejo, numa casa amarela. E a mancha no dorso do jumento é, para eles, o mijo do menino Jesus. Nem o Padre Rafael, nem ninguém é capaz de provar o contrário.

Na casa dos milagres, ao lado da igreja há um grande mural com fotos de pessoas que esperam ou alcançaram uma graça. Várias crianças nuas e até mesmo adultos mostram as partes do corpo conforme a graça recebida, assim vemos seios expostos, ventres, as pernas com as feridas, só os rostos, uma noiva com ar desconfiado e seu noivo….alguns deixam junto com a foto uma nota explicativa, mas não são muitos. Uma dessas notas trazia um retrato três por quatro à direita, outro à esquerda, uma imagem de Santo Antônio no meio e dizia:
‘Mercearia Santo Antônio – Eu moro em Teresina – PI na rua Bento C. Basto, no São João, e me peguei com São Francisco, para não perder o juizo (não ficar louco) porque eu perdi o meu filho Sérgio, com dezoito anos, num acidente de carro, todos os anos ele viajava para Canindé quando era vivo. Eu fiz a promessa se ficasse bom eu levava meu retrato e o dele e botava na casa dos milagres. Minha mercearia ficou quase acabada, então eu incluí no meu pedido que salvasse o meu comércio que eu levaria uma foto agradecendo, e estou deixando aqui meu testemunho, e agradecimento.
Alcancei a graça
Bendito o que vem em nome de Jesus.
Canindé, 4 de outubro de 2003
Antonio polícia.

Canindé e seus confessionários com ar condicionado que retêm ali as velhas e seus pecadilhos, por horas e horas. Canindé e o São Francisco vivente. Canindé, o simpático Padre Rafael e sua namorada morena. Canindé, minhas impressões de um dia, uma fotografia, um mundo entre nós....

Canindé e os obscuros caminhos da fé.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Os Malabaristas - Wagner Campelo

Ainda não terminei a leitura, mas deixo já a sugestão:

"Sei muito bem: não é nada prático fazer a leitura de um texto com muitos capítulos usando a Internet. Por isso, antes de decidir tornar meu livro integralmente público, busquei algumas editoras a fim de que a publicação ocorresse num suporte convencional, o papel. Entretanto, num país com poucos leitores, poucas livrarias e — paradoxalmente — inúmeros candidatos a escritor a oferta acaba sendo muito superior à procura, o que cria uma espécie de funil por onde pouquíssimos conseguem passar.

Um livro só existe quando pode ser lido, e eu já estava farto de relegar o meu ao fundo de uma gaveta. Entretanto, não me agradava a idéia de contratar uma gráfica para imprimir meu original, não só por achar desejável o aval de uma editora, neste caso, bem como por não ter a menor vocação para vendedor — já que, geralmente, uma das funções de quem paga a própria edição acaba sendo a distribuição de seu produto. Aqui, porém, neste formato ainda pouco explorado, e de certo modo bem mais acessível que o usual, a publicação de Os Malabaristas me parece relativamente satisfatória: enfim, ele existe.

Jamais pensei em ganhar dinheiro com meu livro. Minha intenção, por mais romântica que pareça, era poder fornecer a um provável leitor a oportunidade de se distrair, de refletir, de se emocionar... em suma, de ter algum prazer com a leitura — ainda que este prazer tenha uma conotação específica para cada um. Isso não significa que eu considere meu romance como algo excepcional, pelo contrário, ele não apresenta nenhuma fórmula revolucionária ou vanguardista, trata-se tão-somente da história (com início, meio e fim) de gente comum que busca se encontrar.

Além de algumas pessoas abalizadas que leram Os Malabaristas e que viram nele certas qualidades, durante 2 anos publiquei fragmentos do livro num blog que mantive até junho de 2006, a fim de saber qual seria a repercussão do texto aos olhos de prováveis futuros leitores. Acreditando que os comentários foram sinceros, fiquei muito satisfeito com o resultado do "teste" — alguns leitores conseguiram até se identificar com os protagonistas!... "

Wagner Campelo

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Óbidos

Óbidos- Portugal (2003)
Mais fotos minhas aqui.
Agradeço à pessoa que deixou o comentário sobre o meu erro, trocando Sintra e Óbidos, de fato visitei as duas na mesma época e....bem, troquei as coisas.
.................
O feitiço do tempo(Groundhog Day) RoseLivros por Neyza Prochet. Excelente!