quarta-feira, 29 de abril de 2009

Venice-Canal- CYNDI SCHICK

terça-feira, 28 de abril de 2009

Os Mandarins, Beauvoir

Acabei de ler, já faz alguns dias, o segundo volume de Les Mandarins. É um desses livros que estava nos meus planos há alguns anos e levei bem menos tempo do que pensava para a leitura dos dois volumes, cada um com mais ou menos 500 páginas nessa edição de bolso que comprei aqui mesmo em Curitiba, na FNAC. Não me lembro mais quanto paguei, mas não foi caro. 

Eu já disse antes que tenho preguiça de encarar romances muito longos, é que adoro contos, narrativas curtas. Assim que fechei Os Mandarins peguei um livro do D. Trevisan (falando em narrativas curtas, taí!), O Vampiro de Curitiba, por incrível que pareça eu nunca tinha lido este livro e li muito Dalton Trevisan na vida, muito muito antes de pensar em viver em Curitiba algum dia. A Curitiba que eu conhecia até algum tempo atrás era a dele. 

Voltando à Beauvoir. O livro começa logo depois do final da segunda guerra, mostra a euforia inicial, a alegria do recomeço, mas também a dor e o desespero de alguns personagens por terem perdido pessoas queridas, Nadine, por exemplo perde o namorado judeu, outro personagem perde a namorada também judia e ainda desconfia que o próprio pai pode tê-la entregado aos alemães. O universo é o intelectual, escritores, comunistas, jornalistas, pessoas que trabalharam juntas na resistência. Aprende-se bastante sobre a época com madame Beauvoir. Esse era o universo dela e de Sartre, na verdade. Há muito de auto-biográfico aqui.

Há uma parte em que Anne, uma das personagens principais, está viajando pela América Central com seu amante amante americano, num dado momento ela diz: Eles parecem felizes, estes índios. E Lewis, o amante americano, dá de ombros e responde: "É fácil dizer isso, quando a gente passeia por Little Italy numa bela tarde ensolarada, as pessoas também parecem felizes". Ela termina concordando com ele, percebe que seu olhar foi superficial. Eu achei interessante porque quando estamos viajando às vezes fazemos mesmo isso, julgamos muito rápido, pelo nosso humor ou baseado no nosso modo de vida. 

Honestamente não sei se entendo o que é o amor para os franceses. Quando este casal, Lewis e Anne (não se esquecer que Simone de Beauvoir também teve um amante americano, voilà, autobiografíssimo), enfim, quando a relação está chegando ao fim, Lewis diz que não a ama mais, ela diz: "Lewis, não sei se eu deixarei te amar, mas sei que toda a minha vida você estará no meu coração." Enfim, acho que ela quer dizer, 'eu deixarei de estar apaixonada', sei lá. Será que eu complico demais ou são os franceses?
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E, marco histórico na vida desta leitora, comecei a ler Os Irmãos Karamazov, escolhi a tradução da Editora 34, li que está bem melhor que as edições anteriores. O livro é bom desde as primeiras páginas. Se pudesse não faria nada por esses dias a não ser ler este livro, só pararia para um ou outro café. 

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Amanhã é o dia do 'bookcrossing', vamos em frente


Amanhã é o dia do livro. Leia aqui
Vamos distribuir alguns por ai. Especialmente para aqueles que nunca tiveram acesso a uma livraria- eu tenho vizinhos aqui assim.
Que tal dar um romance instigante que os faça gostar de ler?
Vamos lá, falem com seus amigos.
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Copiado diretamente do blog Caminhar.
Kim Anderson

segunda-feira, 20 de abril de 2009

"Os Autores de Hoje São Todos Parecidos"

Décio Pignatari fala de seu novo livro, “Bili com Limão Verde na Mão”, e diz que as artes estão num período de espera pelo novo

O que há de novo hoje no panorama literário?

Depois da poesia concreta, não surgiu nada mais de diferente. Hoje entramos numa era de quantidade. A era da globalização é a da quantificação. Não existe nenhum movimento especial. A prosa ganhou força porque, se você conquistar um mínimo de mercado, pode viver do que faz, mesmo no Brasil. Mas nossos romancistas tomam por modelo sujeitos medianos. Os escritores brasileiros que se julgam de vanguarda imitam o tal Thomas Bernhard, por exemplo — que é uma prosa mais-ou-menos. Estamos vivendo um período magmático. Todas as artes e ideias estão voltando a um magma primitivo de onde eventualmente nascerá alguma coisa nova. A produção é enorme, em todas as áreas. Mas é tudo parecido.

Entrevista Bravo.

sábado, 18 de abril de 2009

Contos proibidos do Marquês de Sade


Ontem à noite revi o filme Quills, Contos proibidos do Marquês de Sade título dado no Brasil e, acabei de ver no wikipedia, Quills - As penas do desejo em Portugal. Adoro a palavra Quills (pena), gosto da sonoridade, mas o l tem que ser pronunciado, se se pronunciar ‘quiu’ como algumas pessoas pronunciam no Brasil já perde a graça. Eu tinha visto o filme no cinema, assim que saiu, eu morava em Cingapura. Parece que o filme me impressionou mais agora do que na época. Será que perdi muita coisa, lingüisticamente falando, ou será que eu me esqueci mesmo? Não gosto muito do final com o padre, Joaquin Phoenix substituindo o Marquês na loucura, não entendi bem.

A Kate Winslet está linda, muito mais que isso, é uma atriz e tanto, quer dizer, já era uma atriz e tanto e acho que quando vi Contos proibidos pela primeira vez nem sabia quem ela era. Já existia Titanic (acho) mas esse eu não vi até hoje.

Outro ator excelente é Michael Caine no papel de um médico famoso e muito vagabundo. Ele é usado no filme para mostrar que aqueles que julgam, os moralistas, são uns hipócritas não menos perversos do que aqueles que eles estão julgando. Pensando bem, agora enquanto me lembro do filme, acho que essa mensagem é óbvia demais, meio exagerada. Enfim, este médico que é enviado para ‘dar um jeito’ no marquês no hospício onde ele se encontra, Charenton, é um sádico (termo que não existia ainda, claro, já que o devemos justamente ao Marquês em questão) e pedófilo, ele casa-se com uma garota de uns 16 anos aproveitando da sua condição de órfã. O tal médico tem boas desculpas para praticar suas atrocidades, é o seu trabalho, ele vem para o hospício com toda a sua aparelhagem de tortura, está supostamente curando os loucos, mas percebe-se que ele se diverte bastante. Um nojo. O Marquês não é santo, estou falando do filme, não sei até que ponto é ficção, sabe-se que o escritor viveu anos e anos (uns 30, alguns biógrafos dizem) em prisões e hospícios, enfim, ele está longe de ser santo, mas – aqui no filme – simpatizamos muito mais com ele que é explícito do que com este doutor.

Outra coisa impressionante no filme é a obsessão do Marquês pela escrita, escreve de qualquer modo, em qualquer lugar, tiram-lhe a pena, escreve com o vinho, tiram-lhe o vinho, escreve com o próprio sangue e até mesmo com a própria merda. Mas desconfio que haja realmente muita ficção aqui. O ator que faz Sade parece que não tem nada em comum com o escritor que era bem menor e, nessa época deCharenton, bem mais gordo. Sabe-se também que o escritor não teve aquela morte horrível que tem no filme. Morreu durante o sono, tranqüilamente. É normal, a maioria dos filmes tende a dar umas pinceladas nas figuras literárias que retratam, não só literárias, quem viu o filme Frida e conhece um pouco da vida da pintora e de Diego Rivera sabe do que estou falando.

Do mesmo diretor, Phillip Kaufmann, é também Henry and June, outro filme sobre escritores, Henry Miller e Anais Nin. Este eu vi faz um século e nunca revi, nem saberia dizer se é bom ou não. Na época eu goste ‘mais ou menos’, mas as coisas mudam, os gostos também.

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[uma noite depois...]

Acabei, meio por acaso (na realidade porque não encontramos o último episódio de Lost que está aqui nessa casa, em algum lugar), vendo outro filme sobre escritor, escritores no caso, trata-se de Verlaine e Rimbaud, Eclipse de uma paixão. Não gostei. Verlaine é um homem repugnante no filme, bebe, maltrata sua jovem esposa, é covarde, Rimbaud é um garoto irritante, sem educação, insuportável. Acho que é bem melhor ler a poesia deles do que ver uma obra destas. Eu sabia da natureza indomável de Rimbaud, das estrepolias de Verlaine e isso não faz deles um escritor pior ou melhor, mas não gostei da forma como é colocado tudo isso no filme. O problema não são os escritores, é o filme. Entretanto a cineasta, A. Holland é a mesma que fez o maravilhoso Europa, Europa.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O Poema da sexta-feira

Amor Bastante

quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

Paulo Leminsk

quarta-feira, 15 de abril de 2009


Steve McCurry

domingo, 12 de abril de 2009

Descansei, li, relaxei. Viva a páscoa! Ah, sim, comi algum chocolate.Algum não, muito. Sejamos sinceros.
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Friozinho bom em Curitiba, daqui a dois meses duvido que eu esteja falando assim do frio, mas hoje está ótimo, já estava com saudades desse tempo.

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Lendo o volume dois de Les Mandarins, estou gostando muito. Romances longos às vezes me cansam, leva tempo e eu fico ansiosa querendo ler outras coisas. Na verdade acabo parando um pouco a leitura e lendo outras coisas mesmo e depois volto ao livro, mas estou gostando muito. Fazia tempo que Os Mandarins estava na minha lista, sobretudo depois de trocar algumas ideias com Wagner Campelo (infelizmente parou de publicar o blog dele, hebdomadário). Ele é um apaixonado pela S. de Beauvoir, criou até uma página muito bem feita sobre a escritora - aqui.
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Minha irmã me trouxe 4 livros de
Littérature chinoise, meio revista literária...ainda estou lendo. Muito interessante, tem alguns contos, extratos de livros, publicações culturais...tudo em francês, só a capa tem umas inscrições em chinês, foi impresso na China em 1978, 1980....A primeira história que li é muito boa, é sobre uma menina bem pobre que é usada por todo mundo, pelos pais, depois pelo marido, sogra. Vou tentar contar a história num post.
Minha irmã disse que estava olhando para aqueles livros e pensando em mim, 'será que levo isso para a Leila?', o dono da bagunça perguntou 'Está interessada?', ela disse 'humm...sim' e ele respondeu 'Então pode levar.' Assim de graça mesmo. Ainda bem.
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sexta-feira, 10 de abril de 2009

O poema da sexta-feira

Pour faire le portrait d'un oiseau

Peindre d'abord une cage
avec une porte ouverte
peindre ensuite
quelque chose de joli
quelque chose de simple
quelque chose de beau
quelque chose d'utile
pour l'oiseau
placer ensuite la toile contre un arbre
dans un jardin
dans un bois
ou dans une forêt
se cacher derrière l'arbre
sans rien dire
sans bouger...
Parfois l'oiseau arrive vite
mais il peut aussi bien mettre de longues années
avant de se décider
Ne pas se décourager
attendre
attendre s'il le faut pendant des années
la vitesse ou la lenteur de l'arrivée de l'oiseau
n'ayant aucun rapport
avec la réussite du tableau
Quand l'oiseau arrive
s'il arrive
observer le plus profond silence
attendre que l'oiseau entre dans la cage
et quand il est entré
fermer doucement la porte avec le pinceau
puis
effacer un à un tous les barreaux
en ayant soin de ne toucher aucune des plumes de l'oiseau
Faire ensuite le portrait de l'arbre
en choisissant la plus belle de ses branches
pour l'oiseau
peindre aussi le vert feuillage et la fraîcheur du vent
la poussière du soleil
et le bruit des bêtes de l'herbe dans la chaleur de l'été
et puis attendre que l'oiseau se décide à chanter
Si l'oiseau ne chante pas
c'est mauvais signe
signe que le tableau est mauvais
mais s'il chante c'est bon signe
signe que vous pouvez signer
Alors vous arrachez tout doucement
une des plumes de l'oiseau
et vous écrivez votre nom dans un coin du tableau.

Jacques Prévert

(04/02/1900 - 11/04/1977)

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No Mundo de K você pode ler a tradução do poema e um texto sobre Prévert.

quarta-feira, 8 de abril de 2009


Margaret Bourke-White (1904-1971)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Passou por aqui (5 dias só) minha irmã com o sobrinho que está completando dois anos. Uma graça, nos fez rir muito. Agora foram para Minas, lá eles ficam uns dias e voltam para Bruxelas. Se tudo der certo pretendo ir vê-los lá em julho e fazer um curso para professores de francês que ainda não decidi se será na França ou na Bélgica. Se for na França será em Vichy, se for na Bélgica será em Louvain-La-Neuve, pertinho de Bruxelas.

Tenho trabalhado muito. Gosto de trabalhar, mas preferia trabalhar menos horas do que agora e ler um pouco mais, escrever, quem sabe....c´est la vie! Pelo menos por enquanto não sei mudar isso.

Acabei de ler o Volume 1 de Les Mandarins, gostei muito, mas estou dando uma pausa entre os dois volumes e lendo O Filho Eterno de Cristovão Tezza. Do autor eu tinha lido um só livro lá dos primórdios da carreira dele e este último é muuuuuuito melhor. É um livro sensível, maduro, mas não preciso dizer nada disso porque os 3 ou 4 prêmios que o livro recebeu devem significar mais que minha opinião.

Há uma crítica muito boa no Le Monde Diplomatique, para ler na íntegra clique aí :

"Mais do que uma história de filho doente, O filho eterno é uma bela reflexão sobre a paternidade, sobre ser escritor e sobre o momento político conturbado dos anos 1980. Vemos a persistência de um autor que acumula, em sua gaveta, cartas das editoras contendo avaliações negativas de suas obras, relembramos os absurdos sistemas de financiamento habitacional da era Sarney, além do amadurecimento de ponto de vista de um ser humano em seu papel de pai. Reflexões que poderiam facilmente se transformar em autocomiseração, dado o tema com forte apelo emocional, mas o texto foge disso."
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A fotografia que postei abaixo é de uma tia de Virginia Woolf (até já falei dela antes num texto sobre biografia de V. W. aqui), Julia Margaret Cameron. Vi
há alguns anos, em Charleroi, uma exposição dos retratos que ela fez. Ficou conhecida como 'retratista', começou bem tarde a carreira, aos 48 anos, mas tinha talento e dizem que até hoje influencia artistas. Eu acredito, basta observar alguns destes retratos.
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Agora é o cachorro aqui implorando para passear, faz parte da minha rotina. Vou lá, coitado, afinal ele não pediu para viver numa casa e ter que depender de 'gente' toda vez que quer sair, comer, se lavar (se bem que isto acho que ele não gosta muito).

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Julia Margaret Cameron (1815-1879)

Obs: Tia de Virginia Woolf